Cuidar

Insuficência renal crónica nos gatos

Insuficência renal crónica nos gatos

Insuficiência Renal Crónica nos Gatos

A insuficiência renal é a incapacidade dos rins em eliminar resíduos do sangue. A insuficiência renal não é uma incapacidade de produzir urina. Curiosamente, a maioria dos gatos com a doença produzem mais urina, mas os resíduos não são removidos de forma eficaz.

Quando acontece?

A forma típica de insuficiência renal é o resultado do processo de envelhecimento e consiste simplesmente num "desgaste" do rim. A idade em que a doença se manifesta é variável, sendo que na maioria dos felinos é entre os 8 e 14 anos.

Quais são as mudanças que podem ocorrer no meu gato?

Os rins funcionam como filtros. No momento em que ocorre a diminuição da capacidade de filtragem, aumenta por consequência o fluxo de sangue ao rim como "medida" compensatória do organismo. Tal traduz-se no aumento de produção de urina. Para evitar a desidratação, devido à perda de líquido na urina, o gato vai ter mais sede e irá beber mais. Portanto, os primeiros sinais clínicos de insuficiência renal são o aumento do consumo de água e a produção aumentada de urina. Numa fase posterior, poderão aparecer outros sinais clínicos como: perda de apetite, depressão, vómitos, diarreia, halitose, entre outros.

Como se faz um diagnóstico de insuficiência renal crónica?

Tipicamente com a determinação dos níveis de dois resíduos orgânicos no sangue: o BUN e a cretinina interpretados em conjunto com o valor da densidade urinária.

Como se trata?

Apesar de ser uma doença grave, muitos gatos submetidos a um tratamento agressivo vivem durante meses a anos. O tratamento ocorre em duas fases: a primeira é fazer um "restart" nos rins. Para isso são administradas grandes quantidades de fluidos intravenosos para "lavar" os rins. Este processo de lavagem, chamado diurese, ajuda a estimular de novo a função renal. A fluidoterapia contribui também para a reposição de diversos eletrólitos, especialmente de potássio. Outro aspeto do tratamento inicial é redefinir a nutrição e administrar medicamentos para controlar os vómitos e diarreia.

A primeira fase do tratamento pode dar origem a três resultados possíveis:

- Os rins recuperam e podem funcionar durante um tempo considerável (meses a anos);

- Os rins começam a funcionar durante o tratamento, mas "recidivam" quando se pára a fluidoterapia;

- A função renal não se recupera.

Se a primeira fase do tratamento for bem sucedida, qual é o próximo passo?

A segunda fase do tratamento consiste em manter a função renal o máximo de tempo possível. Isso é feito por uma ou mais das seguintes situações, dependendo da situação:

- Uma dieta pobre em proteínas. Quando a doença renal é avançada, a diminuição da proteína na dieta reduz o trabalho dos rins. Podemos recomendar um alimento comercial que contém a qualidade e a quantidade de proteína que o seu gato necessita;

- Um quelante de fósforo. O fósforo é removido do corpo através da filtragem dos rins. Quando o processo de filtração é insuficiente, o fósforo acumula-se no sangue. Tal contribui para causar letargia e falta de apetite. Certas drogas ligam os fosfatos em excesso no intestino e impedem a sua absorção, causando um decréscimo nos níveis de fósforo no sangue.

- Fluidos administrados em casa. Uma vez que a situação do seu gato está estabilizada, pode administrar-se fluidos sob a pele (por via subcutânea). Isso contribui para promover a função renal de uma forma continuada. Esta operação pode ser diária ou semanal, dependendo do caso. Embora possa parecer complicado, a facilidade da técnica irá surpreendê-lo porque o gato tolera bem a infusão.

- Se necessário, existem medicamentos para estimular a medula óssea a produzir novos glóbulos vermelhos. Os rins produzem eritropoietina, uma hormona que estimula a produção de glóbulos vermelhos pela medula óssea. Consequentemente, muitos gatos com doença renal crónica têm valores baixos de células vermelhas do sangue, ou seja, têm anemia. Existem formas sintéticas de eritropoietina para corrigir a anemia como alternativa a transfusões de sangue.

Qual a esperança de vida do meu gato?

O prognóstico é muito variável e depende da resposta ao tratamento realizado, sobretudo na fase inicial. Muitos pacientes vivem com boa qualidade de vida durante alguns anos.